segunda-feira, 25 de abril de 2011

EU ME VENDO?


 Será que eu me vendo? Pra não enxergar os resquícios que você deixou na minha maneira de ser. Ou será que eu me vendo? Pra quem sabe você comprar a idéia de quanto nos fazíamos bem.
 Será que eu me vendo? Pra ficar cego a respeito dos motivos que me fazem sentir saudades tuas. Ou eu me vendo? Pra te convencer que vale a pena matarmos essas saudades.
 Será que eu me vendo? E te digo que seus piores defeitos me interessam mais que as maiores qualidades das outras pessoas. Ou eu me vendo? Pra não conseguir ver o quanto faz falta um simples bate-papo contigo.
 Me vendo? E tento recuperar o tempo que imaginei passar te olhando. Ou me vendo? E simplesmente desisto de visualizar todas as possibilidades de compartilhar bons instantes.
 Entre me vender e me vendar existe um pequeno limite, uma tênue linha em que nesse exato momento me encontro, sem saber que rumo tomar. Porque os argumentos que tenho pra vender são tão bons quanto os pra me vendar. Basta decidir o que vale a mais pena. Vendar-me, vender-me ou até mesmo desvendar-me, são os dilemas de quem aprendeu a conviver com a solidão, mas que ás vezes puxa um pouco da venda para espiar como seria a vida se ás vezes, nem que seja por um breve espaço de tempo, eu pudesse enxergar alguém além de mim mesmo

terça-feira, 19 de abril de 2011

SÍNDROME DE RICKY LINDERMAN

Seres humanos também são separados em espécies. Há uma seleção natural, que geralmente começa cedo, na sua vida escolar para ser mais exato. Existem vários grupos na sua escola e você sempre quer pertencer a um deles.
 Comigo foi diferente, não pelo fato de eu não querer fazer parte de algum grupo, mas pelo fato de nunca ter conseguido isso. Sempre fui isolado, nem vítima de bullying eu fui, simplesmente ficava lá atrás e só.
 Não me queixo por isso, afinal justamente esse isolamento me fez uma pessoa questionadora e extremamente viciada em música, filmes, games e livros. Porém, na medida em que se torna mais culto, seu filtro para relações aumenta em igual proporção. Pessoas comuns e conversas fúteis já não são suficientes e quando se tem 13 anos é como s fosse uma condenação á solitária da vida sócio-colegial.
 E depois de adulto, com a possibilidade de consumir mais cultura e com as facilidades da Internet, o filtro continua aumentando, a ponto de nutrirmos sentimentos por pessoas pela simples razão delas terem um gosto musical parecido ou adorarem o Tarantino.
 Parece loucura? Não parece, é loucura! Não que seja loucura você se interessar afetivamente por alguém compatível intelectualmente, a loucura está no fato de existirem pouquíssimas pessoas que se preocupam com isso, resultando na solidão de pessoas cultas. O que era pra te aproximar das pessoas, acaba te segregando porque infelizmente a maioria das pessoas não faz bom uso das maravilhas tecnológicas para a absorção de conteúdo. Na minha época não tinha Internet, TV a cabo ou download. Tinha que se correr atrás. Hoje com tudo isso, pessoas só usam a Internet para ver recados do Orkut, sites de fofocas e ver quem saiu no BBB. É pouquíssimo para a infinidade de informação útil que tem na rede.
 Então não me surpreende quando alguém estranha o fato de eu me interessar pessoas que não usam as marcas da moda, o tênis do momento e a balada da galera. O que me surpreende é quando consigo me interessar por alguém, pois pessoas dessa espécie estão cada vez mais raras, condenando-me a eterna Síndrome de Ricky Linderman.
 Quem é Ricky Linderman? É o personagem interpretado por Adam Baldwin (foto) no filme “Cuidado Com O Meu Guarda-Costas” de 1980, um garoto que vivia sozinho no colégio. Pelo fato dele ser diferente, todos acreditavam que ele era um assassino e ninguém falava com ele. Gosto desse filme e me identifico com o personagem, por isso esse isolamento natural recebeu esse nome.
 Espero que os Rckys Lindemans do mundo, homens e mulheres, acabem se encontrando em algum momento da vida, para aliviarem ou até mesmo curarem suas síndromes.

terça-feira, 12 de abril de 2011

PALAVRAS

 Não, não vou reescrever a tradução de uma velha canção do Bee Gees. Vou escrever sobre algo que muitos dizem que domino, mas que na verdade me domina a ponto de fazer-me perder noites de sono, proximidade com a realidade e ás vezes me afasta de todos. Vou escrever sobre palavras.
 Na maioria das vezes é necessário isolar-se do mundo para poder entendê-las, compreender seu poder e mergulhar no fascínio que elas exercem sobre nós, que não seríamos nada além de pobres corpos sem alma se elas não existissem.
 Você já se perguntou se tudo que lhe foi dito ou escrito até hoje fez alguma diferença? Ou melhor, já se perguntou se tudo o que disse ou escreveu para alguém realmente fez diferença? Pode apostar que sim, palavras são regalos especiais, que se tornam inesquecíveis para aqueles que as valorizam.
 Então comece a pensar no que as suas palavras são capazes de fazer para as pessoas que verdadeiramente importam para você, porque palavras são presentes, que mesmo que não forem de sua autoria, você pode dar. Palavras podem apoiar, conquistar ou consolar. Podem te fazer herói, vilão ou amante de alguém. Podem ser doces, amargas ou apaixonantes. Palavras podem ser tudo que você quiser que sejam.
 E o melhor de tudo isso, é que quando você recebe palavras de alguém, pode interpretá-las do seu modo, escolhendo assim o impacto que elas irão lhe causar e quando você as oferece, se souber usá-las, pode proporcionar momentos incomparáveis a quem tem a sorte de merecê-las.

domingo, 10 de abril de 2011

O REJEITADO

Celma era uma jovem de 16 anos que descobriu que estava grávida e tão logo soube da notícia foi contar e Edson, seu namorado. Edson berrou com Celma, dizendo que aquilo era um golpe e que não iria assumir a criança. Desolada, Celma volta para casa e conta o acontecido aos pais, que sem pensar duas vezes a expulsam de casa somente com a roupa do corpo. Edson já estava longe.
Celma vai para as ruas , onde tem que disputar espaço com mendigos e prostitutas, sendo enxotada e ofendida a cada esquina.
O tempo passa e numa noite chuvosa Celma sente as primeiras contrações , pede ajuda para ir ao hospital pois sente que irá dar a luz nas próximas horas, porém roda a cidade toda sozinha em busca de um leito, que é negado em todos centros de saúde possíveis. Celma dá a luz na rua mesmo, em um beco escuro e quando ouve o choro do menino, o abandona em uma caixa de papelão.
O menino é encontrado e levado ao orfanato público, onde é batizado com o nome de João e ficaria ali até alguém decidir adotá-lo.
Os anos correm e João não desperta interesse de nenhuma família, talvez pelo fato de ser magro e de cor parda, enquanto muitos iam , João ficava.
As outras crianças não gostavam de João e o garoto crescia solitário, sendo excluído das brincadeiras dos outros. João ia crescendo um garoto triste e sem interesse em conviver com outras pessoas.
Com 15 anos João conheceu sua primeira paixão, uma menina que estudava no mesmo colégio, que tinha o nome de Simone. João ensaiava muito para o dia que tomasse coragem de falar com ela, pois sabia que esse dia chegaria.
Perto do baile de fim de ano do colégio, João finalmente se decidiu e convidou Simone para acompanhá-lo, cheio de esperança nos olhos e com um bombom em forma de rosa que havia roubado em algum lugar. Simone conseguiu ser a pessoa mais cruel do mundo, pois berrava que jamais seria acompanhada por um garoto sem família, feio e pobre. Jogou o bombom no chão, pisou e mandou que João nunca mais dirigisse a palavra à ela. João chorou por uns três dias, mas decidiu não falar mais com a garota de quem tento gostava.
Aos 18 anos, João teve que deixar o orfanato onde viveu até então, pois como já era maior de idade não poderia mais ficar ali e teria que arrumar trabalho para se manter. João saía cedo e voltava tarde e ninguém o chamava nem sequer para uma entrevista. João teve que ir pra rua.
Depois de um certo tempo morando embaixo de viadutos e marquises, João se encheu. Estava cansado da vida que levara até agora. Procurou um prédio, o mais alto que encontrou, e subiu as escadas até o topo. Lá em cima, João pensou na sua jornada de rejeições e se perguntou por que não recebeu uma chance sequer da vida.
Sem pensar muito João atirou-se e caiu de cabeça no asfalto. João teve morte cerebral e como tinha tirado documentos no orfanato onde viveu, seus órgãos seriam doados. Após a retirada dos órgãos, João foi enterrado como indigente, já que não tinha família sua última morada seria uma cova pública, sem lápide mesmo.
Num hospital longe dali, um senhor de 45 anos aguardava um transplante de coração ansiosamente, pois já estava nas últimas. A família vibrou quando o médico deu a notícia que chegava de outra cidade o coração tão esperado. Era o coração de João.
O transplante aconteceu após alguns exames e foi considerado um sucesso. Porém uma semana depois, o senhor que tanto esperou por aquele coração, faleceu. O organismo do senhor não aceitou aquele coração e o levou a morte. João que havia morrido alguns dias antes, não pôde ver sua última rejeição.

REOPEN

O Peter's Pub está reaberto. Na verdade estou atendendo aos pedidos de algumas pessoas para que eu retomasse o blog. Mantive somente os posts mais recentes, mudei o logotipo e o reativo oficialmente a partir de hoje. Escreverei da mesma forma de sempre e sobre vários assuntos. Música, cinema, loucuras da minha cabeça e várias outras coisas. Não prometerei uma freqüência certa, mas atualizarei diversas vezes.
Bom é isso então, fica combinado assim: eu escrevo e vocês lêem. Até a próxima.

quarta-feira, 6 de abril de 2011

ÁS VEZES EU ESCREVO


Sim, ás vezes eu escrevo, mesmo sem motivo, mesmo sem nada de especial, mesmo sem algo ter acontecido. Isso acontece naturalmente, as palavras surgem com aquela ânsia de sair da minha mente e ganhar vida em textos muitas vezes desconexos e sem sentido.

Ás vezes eu me pergunto o porquê disso e sinceramente não sei a resposta. Não sei nem se tenho talento para a literatura e no fundo me acho um autodidata metido à cronista, porém é mais forte que qualquer autocrítica, eu simplesmente escrevo.

Não tenho a ambição de que minhas palavras façam sentido para alguém, porque nem eu as entendo na maioria das vezes, mas isso não é barreira porque mesmo assim eu ainda escrevo.

As pessoas fazem diversas coisas para expressarem o que sentem, dançam, cantam, choram, gritam e eu escrevo. Outras pintam, compõem, declaram seu amor, se martirizam e eu apenas escrevo.

Mesmo palavras vazias ou frases simples saciam essa vontade, que parece ser maior nas próprias palavras do que em mim, o que me faz perguntar: quem é o autor de quem?

Perguntas sem resposta, sentimentos ocultos, rabiscos inexpressivos embalados em canções tão obscuras quanto a minha própria inspiração, mas o que me consola é que mesmo com tudo isso, ás vezes eu escrevo.

Peter Jaques