segunda-feira, 30 de maio de 2011

EU SOU AQUELE


Eu sou aquele de outros tempos

De gostos bem diferentes
De eternos bons momentos
Em que sorrisos simplesmente
Inspiravam sentimentos
Sinceros de suas vertentes.

Eu sou aquele que cresceu sem despertar
Grandes notícias ou esperanças
Mas que teimava em esperar
Mesmo em tempos de criança
Algo pra poder contemplar
Cessando com as desconfianças.

Eu sou aquele que nunca se contentou
Com as coisas que me diziam
O que sempre questionou
Os porquês que existiam
E que muitas vezes chorou
Enquanto todos sorriam.

Eu sou aquele que existe
Num mundo que é só meu
Parecendo ás vezes triste
Por algo que aconteceu
Que há muito tempo insiste
Em viver o que aprendeu.

Eu sou aquele sem vida
Que se vicia em canções
Que a cada despedida
Guarda vários corações
Pra que sirvam de guarida
A tantas recordações.

Eu sou aquele de verdade
Que gosta sem esperar nada
Que usa a sinceridade
Pra guiar sua jornada
E só tem intimidade
Com palavras rabiscadas.

quinta-feira, 26 de maio de 2011

DOIS OLHOS

Em mais um dia banal
Sem nada de diferente
Várias faces, tudo igual
Mas em meio a tanta gente
Tinha um olhar memorial
De beleza surpreendente.


Ao avistar esse olhar
De olhos verdes brilhantes
Passei a me perguntar
Como pude não ver antes
Essa cor que lembra o mar
E inspira sonhos distantes.


 São dois olhos que me fazem
Esquecer os meus problemas
Dois olhos que são capazes
De resolver meus dilemas
Inspirando versos, frases
Belas palavras e poemas.


Dois olhos que são presentes
Dados pela natureza
Que ás vezes são inocentes
E até cheios de pureza
Que mesmo estando ausentes
Brindam-me com sua beleza.


Se um dia eu puder ter
A beleza desse olhar
Para quando eu quiser ver
E com ele me encantar
Só o que posso prometer
É jamais o fazer chorar.


Dois olhos que são mistérios
Que eu queria descobrir
Que mesmo quando estão sérios
Desafiam-me a sorrir
Eu conquistaria impérios
Pra não deixá-los partir.

segunda-feira, 23 de maio de 2011

TRÊS VIDAS

Um texto com esse título poderia falar sobre tudo menos sobre relacionamentos, certo?
Errado! Esse título tem tudo a ver com relações, sobretudo as afetivas. Porque amizades, namoros, noivados e até mesmo casamentos tem que ser baseados nesse conceito para que façam bem aos envolvidos.
 Vários relacionamentos sucumbem pelo fato de alguns desejarem viver a vida dos seus parceiros, de outros tantos desejarem que o parceiro viva a sua vida e de muitos acharem que só existe vida quando estão juntos dos seus escolhidos. Esse tipo de atitude faz com que qualquer casal caia na desconfiança quando um resolve que precisa respirar de vez em quando e na esmagadora maioria das vezes, acaba com aquilo que ambos pensavam que perduraria por todo o sempre.
 Existem tipos que para agradar a quem desejam ter por perto, simplesmente ignoram todas as suas convicções, preferindo moldar-se de acordo com o modelo ideal imaginado pelo outro. Eficaz pode até ser, mas será que nesse parceiro dos sonhos estaria incluso a falta de personalidade? O quanto é gratificante ficar com alguém que não nos conhece de verdade? Mais um exemplo de relação que não será duradoura e o que é pior, enquanto durar será uma tortura para ambas as partes. Para um, por ter que esconder-se atrás de um personagem e para outro por achar que gosta de um.
 Há também os casos de gente que acha que adquiriu título de propriedade de seu eleito. Simplesmente eles acham que a felicidade se resume em fazer com que o outro apague tudo que viveu antes de conhecê-los. Amigos, lembranças, paixões e tudo o mais, automaticamente deixam de existir para que a relação possa dar certo. Não dá certo, pois quem tem o mínimo de amor próprio jamais se submeteria a tamanha ignorância e deixaria essa cilada, afinal quem conquista de verdade não precisa colocar amarras.
 Outro erro bastante comum é o de transmitir a outra pessoa uma responsabilidade que é só nossa: fazermos-nos felizes. As pessoas têm que aprender de uma vez por todas que elas são as únicas responsáveis pela sua própria felicidade. Ninguém tem obrigação de nos tornar pessoas realizadas. Chega a ser até cruel jogar esse fardo nas costas de quem quer que seja, pois o fato de querermos estar com alguém não a torna responsável pelos nossos sucessos ou fracassos. Temos que pensar em nós até mesmo quando queremos agradar a quem gostamos. Temos que pensar em quanto nos fará bem arrancar um sorriso de alguém que nos é querido quando fizermos algo que realmente importe a essa pessoa.
 Quanto ao título do texto? Três vidas é o que precisamos. A nossa, a de quem escolhemos e a que viveremos ao lado dessa pessoa. Porque se você não tiver a sua vida, não terá nada a ensinar. Porque se sua metade também não a tiver, você nada aprenderá. É isso que vale pena nas relações, gostos iguais e diferentes. Opiniões ora compartilhadas, ora distintas. Momentos juntos intercalando ás vezes com cada um na sua. Se vai durar pra sempre? Não sei, mas enquanto durar será muito mais prazeroso para todos.

terça-feira, 17 de maio de 2011

MELHOR NÃO TÊ-LOS?

 Grande parte das pessoas um dia já amaldiçoou o fato deles existirem. Independente de serem bons ou maus, de trazerem alegrias ou as mais aterradoras frustrações e até mesmo de guiarem seus destinos num impulso incontrolável.
 A grande verdade é que eles regem o que chamamos de vida e sem eles seríamos literalmente vegetais ao invés de seres humanos. Os sentimentos são os grandes maestros da orquestra particular de cada um de nós. Amáveis, perversos, arrebatadores, leves, intensos, maléficos ou edificantes eles são os responsáveis pelas nossas ações em relação a tudo, principalmente aos outros.
 Existem aqueles que preferem negá-los, outros que os assumem e mesmo tantos que simplesmente tentam ignorá-los, mas é em vão. Isso é impossível.
 Se você ignora uma a existência de alguém, sente desprezo. Se contar os minutos para pelo menos se deparar com um sorriso, sente amor. Se não vê a hora de grudar seu corpo em outro, sente desejo. Se quiser ser brindado com a notícia da morte de alguém, sente ódio.
 Eu sinto, tu sentes, ele sente... Todos nós sentimos algo em relação a qualquer coisa ou qualquer pessoa que travamos o mínimo de contato. Então tenhamos consciência que por mais sombrios que sejam os nossos, eles ainda assim são sentimentos. Fazem-nos sorrir, chorar, matar, morrer e muito mais. O mais importante é que eles são essenciais para fazer-nos viver e isso já uma grande façanha.
 Melhor não tê-los? Nunca. Sem eles simplesmente inexistimos e não seríamos capazes de experimentarmos. Existem pessoas que não os possuem? Sim, e podem ser encontradas aos milhares, em baixo de sete palmos em qualquer cemitério.

terça-feira, 10 de maio de 2011

MORTAL FASCINAÇÃO

Ela já foi descrita de várias formas, já foi imaginada a exaustão pela maioria dos seres humanos e ainda assim causa certa estranheza quando é mencionada mais explicitamente. Certamente pelo fato de ser uma certeza inevitável, um fato consumado antes mesmo de acontecer.
 A verdade é que a morte sempre foi assunto recorrente na mente da humanidade. Inspira músicos, escritores, pintores e pessoas comuns. Quem nunca imaginou como seria do outro lado? Perguntou-se se há outro lado?
 Alguns se vangloriam por a terem desafiado, outros por a terem visto de perto e até mesmo há os que pensam que a derrotaram. Mera ilusão, afinal a morte apenas adia a sua vitória.
 A morte tem o poder de fascinar aterrorizando, perseguir seduzindo, encantar atormentando e no fim abraçar-nos findando nossa existência. Simples assim, sem volta, sem recuo, sem outra escolha possível.
 Para alguns ela chega rápida, surpreendente e num piscar de olhos, sem mesmo dar tempo de reação, domina sem chance de nem mesmo um suspiro. Para outros, ela se mostra paciente, como em um longo flerte, uma longa tentativa de conquista, uma longa dança de rosto colado e enfim ela decide soprar nos ouvidos do seu escolhido sua sinfonia, sua marcha vitoriosa que exala um perfume de triunfo.
 Para alguns a morte é um antídoto, que faz os impacientes se cansarem de esperar e irem por vontade própria ao seu encontro. Para outros é um merecido descanso após uma longa jornada de desencontros. Existem aqueles que querem distância de sua sombra e tantos outros que somente após encontrá-la conseguem provar alguma glória.
 De tantas formas, vários modos, porém a nossa única certeza é que nosso encontro com ela está marcado. Preparados ou não, esse compromisso é o único que podemos chamar de inadiável.

terça-feira, 3 de maio de 2011

APENAS SINTOMAS

Querer que o mundo se exploda quando se acorda, achar que talvez se morrêssemos amanhã estaríamos fazendo um favor a humanidade ou achar que as ignorâncias do mundo se tornam mais importantes do que as coisas que realmente valem a pena são sintomas de que as coisas aconteceram ao contrário do que se esperava.
 Não querer sair do quarto por absolutamente nenhum motivo, sentir um misto de angústia e raiva quando se visualiza cenas de felicidade alheia ou ter que se esforçar para não ter que provar o gosto salgado das próprias lágrimas quando se recorda de certos momentos são sintomas de que doeu muito mais do que se esperava.
 Se perguntar sem entender o porquê do acontecido, pensar por horas a fio sem se chegar à conclusão alguma de quais foram os seus erros ou ter certeza de suas boas intenções são sintomas de que poderia muito ter dado certo.
 Esboçar um começo de sorriso ao ouvir músicas que trazem lembranças, perceber que ainda pode contar com seus amigos ou concentrar-se na idéia de que se fez tudo o que estava ao alcance são sintomas de que nem tudo está perdido.
  Não alimentar desejo de vingança, torcer para que tudo esteja bem ou ainda assim admirar todas as nuances com carinho são sintomas de que se gosta de verdade.
 Vivemos de sintomas dia após dia, situações inesperadas nos fazem experimentar várias sensações que nos guiam a caminho da plena recuperação, contudo, para alguns sintomas, infelizmente cabe a outra pessoa nos trazer a cura e o que nos resta é esperar.