segunda-feira, 27 de junho de 2011

PESSOAS E ESCOLHAS

 A imensidão de tipos diferentes de pessoas que precisamos conviver ao longo da vida é uma conta praticamente infinita. Infelizmente nem todas são do jeito que gostaríamos que fossem. E isso começa cedo, afinal não podemos escolher nossos pais ou irmãos e muito menos interferir na sua forma de pensar.
 Depois vem a escola onde temos que conviver com colegas de todas as espécies, famílias e criações diferentes onde muitas vezes temos que esforçar-nos muito para uma convivência no mínimo pacífica. E a vida continua seguindo, vem a faculdade, o trabalho, você vai morar sozinho e cada dia que passa se vê cercado de gente que no fundo você desejaria jamais ter conhecido em grande parte das vezes. Colegas e vizinhos que gostam de música brega, filmes óbvios, literatura barata e que não entendem 90 por cento do que você diz ou pensa.
Mais tarde aparecem tipos que querem que você se converta, use as roupas da moda, falam que você tem que parar de fumar, condenam seus porres, pedem para você não ser tão sincero e que já não tem mais idade para vídeo-game. Fora que chega uma hora que sua própria família te cobra um bom emprego, casa própria, casamento e filhos, te comparando a um primo mais velho ou até mesmo ao filho de alguma vizinha.
 Isso sempre acontece com todos, independente de gostos ou opiniões. Dia após dia somos obrigados a conviver e em muitas ocasiões a engolir pessoas que não nos acrescentam em nada, pior, ficam cobrando o tempo todo comportamentos que não condizem com nossa natureza. A pergunta é: por que tolerar? Pra que se submeter a isso? Tem alguma razão?
 Tem sim. Esses indivíduos vazios servem pra alguma coisa mais, além de nos chatear. Servem de parâmetro para que possamos dar o devido valor às pessoas que infelizmente raras vezes cruzam nossa existência. Pessoas que compartilham de gostos, idéias e pensamentos semelhantes aos nossos. Pessoas que fazem valer a pena acordar todo dia. Pessoas que fazem parar o tempo pelo simples fato de estar ao nosso lado, mesmo que fiquem caladas.
 São esses raros momentos que fazem a vida ter um motivo. As pessoas que escolhemos se tornam mais especiais ainda, quando comparadas as que nos são impostas e se nós fizermos uma conta, existe uma para mil numa proporção aproximada. Então se você pensar nisso, passe a valorizar ainda mais as pessoas que gosta de ter por perto, seja qual for sua relação com elas, por que simplesmente elas são seu oásis de bons momentos encravados num deserto de superficialidade. Elas são sua gota de lealdade num oceano de máscaras. Elas também podem ser a estrela cadente que irá atender seus pedidos num universo de falsas promessas.

terça-feira, 21 de junho de 2011

LEMBRANDO ANGÚSTIA E SOLIDÃO

A lua estava tão bela
Quando ele chorou
Por um minuto se descontrolou
E ao olhar a janela
Ele se lembrou
Dos velhos tempos ao lado do seu amor.

Lembrando, palavras e juras
Lembrando, da doce ternura
Lembrando aquela que o enfeitiçou.

Ela não o quer
E lhe abandonou
No ar estão seus pés, perdido no escuro
Ele quer entender
Por que tudo acabou
O que foi que ele fez que mudou seu futuro.

Solidão, só um pensamento
Solidão, que fere por dentro
Solidão, que o impede de sorrir.

Não consegue voltar
Das sombras do passado
Ela não vai voltar se ele ficar parado
Mas não vai adiantar
Se ele feito tolo
For a procurar pra sofrer de novo.

Angústia, sem o que fazer
Angústia, pressa de morrer
Angústia, talvez seja melhor o fim.

segunda-feira, 13 de junho de 2011

ALIMENTO = AGONIA

Era simplesmente por prazer que eu fazia aquilo tudo e farei de novo se me deixarem. Foi pelo meu instinto, minha vontade e minha necessidade que eu fiz, não foi nada demais e também não é responsabilidade de mais ninguém, só minha.
 Sempre fui fascinado pelo desespero alheio. Olhos parados cheios de medo, angústia e terror são extremamente prazerosos para mim. Gritos, urros e sensação de impotência me dão aquela doce idéia de ser o dono da situação, de ser o deus daquele ser ao menos por àquelas horas e isso não tem preço.
 Lembro-me da primeira vez que tive coragem de saciar o meu vício. Deveria ter uns 16 anos e realmente detestava aquela filha de uma vizinha. Estudei sua rotina por uma semana e descobri que ao voltar da escola ela atalhava por um bosque que havia no meu bairro. Era inverno, eu estava de jaqueta e foi fácil esconder uma faca de cozinha com uma corda que peguei na garagem. Esperei por mais ou menos uma hora e quando ela saiu, a segui em média distância. Quando ele entrou no bosque eu corri, ela me viu e ficou sem entender. Comecei com um soco, ela caiu, chutei sua face e ela ficou desacordada. Amarrei-a bem forte com a corda, amordacei-a e me certifiquei que não havia ninguém por perto.
 Estava fácil, mas precisava acordá-la, senão não haveria por que. Afinal o que me saciava era o olhar desesperado da vítima. Bati com força em seu rosto e ela despertou. Mostrei a faca, ela tentou gritar me causando uma euforia inexplicável. Comecei pelo pescoço, a faca corria, o sangue escorria e a sensação era surpreendente. Ela se debatia me encarando como se perguntasse a razão, o que ela teria feito para terminar daquele jeito. Não havia motivo, apenas minha vontade, minha necessidade de agonia alheia e só. Infelizmente ela rapidamente sucumbiu aos ferimentos, o que me deixou claro que precisava praticar para tirar o máximo de êxtase daquele ritual particular.
 Pelo fato de nunca terem desconfiado, achei que deveria seguir satisfazendo meu vício e vieram mais vítimas. Sempre demorando mais e mais, cada vez com mais dor, conseqüentemente aumentando meu deleite a cada nova empreitada.
 Ficou perigoso, as pessoas estavam com medo, fazendo perguntas. Tive que ir pra outra cidade, arrumei um emprego e não levantava suspeitas. Já tinha matado umas 10 pessoas de todos os tipos, mas sempre com uma faca. Aprendi cortes que as faziam sangrarem por muito tempo até morrerem para que eu pudesse me alimentar daquela incrível sensação de prazer.
 Eu não escondia os corpos, não temia que me descobrissem. Não me importava com nada além daqueles momentos de ser o algoz e ao mesmo tempo a única esperança daqueles pobres infelizes. Eu e minha faca, só isso me dava razão para existir. Só dessa maneira conseguia me sentir útil, privando o resto do mundo de pessoas sem alma, sem conteúdo. Eu só matava pessoas que eu julgava que não fariam falta a ninguém e isso me satisfazia mais ainda.
 Hoje em dia, me trancaram sozinho. Nessa cela que habito há vários anos, a vontade continua viva. Se um dia eu sair, vou voltar a alimentar-me do que realmente me importa: o desespero da agonia alheia. Não sou louco, jamais faria nada de mal a alguém que me importasse, porém, todos têm seus vícios e o meu é esse. Mato por mim, por mais ninguém, não é nada pessoal e isso é verdade. Minhas vítimas me realizam e acho que pelo menos na hora da morte puderam fazer alguém feliz, o homem de faca na mão, extasiado com seus últimos momentos e entorpecido com o cheiro do seu sangue. 

segunda-feira, 6 de junho de 2011

METADES

O que de verdade te chama atenção? Você se já deve ter se perguntado isso umas mil vezes ao longo da vida, mas será que já conseguiu chegar a alguma conclusão? Provavelmente não, mas isso é mais normal do que pensamos. Afinal, as prioridades, as preferências e até mesmo as coisas que despertam admiração estão em constante mutação ao longo do tempo.
 A busca por referências começa cedo, sempre temos a necessidade de sermos aceitos de alguma forma por alguém, por algum grupo e na maioria das vezes esquecemos-nos de procurar a nossa própria aprovação que é de certa forma a mais difícil de conseguir.
 Erroneamente, temos o costume de nos preocuparmos primeiro com a opinião alheia, antes mesmo de nos perguntarmos o que achamos sobre nós mesmos, pois a sociedade é historicamente a principal juíza dos das ditas pessoas de bem.
 Se recordarmos a época de colégio, quem nunca quis fazer parte do grupo de todos aqueles que eram convidados para as festinhas de sábado à noite? Quem nunca se preocupou em se vestir de maneira que os mais bonitos e descolados notassem a nossa humilde presença? Quem nunca sonhou em ser “o cara” do colégio? Atire a primeira pedra quem nunca teve essas aspirações.
 Mas o melhor da vida é que crescemos, envelhecemos e olhando pra trás percebemos o quanto era superficial aquela coisa toda. Éramos tolos, imaturos e influenciáveis, porém a oportunidade de nos libertar aparece para todos e quem tem a sorte de percebê-la e consequentemente aproveitá-la, torna-se naturalmente um ser humano único, que passa a se importar consigo mesmo e enfim torna-se verdadeiramente interessante para as pessoas que realmente importam, que consigam notar a pura essência de outra alma.
 E essas criaturas quando aprecem em nossas vidas, são costumeiramente chamadas de metades. Reza a lenda que todos têm uma, até mesmo mais de uma. Eu já devo ter cruzado com algumas minhas pelos bares da minha conturbada passagem pela existência e espero que um dia alguma, não apenas se encaixe perfeitamente, mas permaneça encaixada, como uma boa metade deve fazer. Enquanto isso eu continuo tentando achar uma peça, sem pressa, porque metades acabam sempre se encontrando, mas ás vezes o encaixe demora um tempo maior, mas nada que faça valer menos à pena.
 Se você está em busca da sua, somente quando se livrar das algemas, dos dogmas e das imposições conseguirá encontrá-la, afinal sem verdade de gestos, jamais ninguém saberá seu verdadeiro encaixe.