segunda-feira, 13 de junho de 2011

ALIMENTO = AGONIA

Era simplesmente por prazer que eu fazia aquilo tudo e farei de novo se me deixarem. Foi pelo meu instinto, minha vontade e minha necessidade que eu fiz, não foi nada demais e também não é responsabilidade de mais ninguém, só minha.
 Sempre fui fascinado pelo desespero alheio. Olhos parados cheios de medo, angústia e terror são extremamente prazerosos para mim. Gritos, urros e sensação de impotência me dão aquela doce idéia de ser o dono da situação, de ser o deus daquele ser ao menos por àquelas horas e isso não tem preço.
 Lembro-me da primeira vez que tive coragem de saciar o meu vício. Deveria ter uns 16 anos e realmente detestava aquela filha de uma vizinha. Estudei sua rotina por uma semana e descobri que ao voltar da escola ela atalhava por um bosque que havia no meu bairro. Era inverno, eu estava de jaqueta e foi fácil esconder uma faca de cozinha com uma corda que peguei na garagem. Esperei por mais ou menos uma hora e quando ela saiu, a segui em média distância. Quando ele entrou no bosque eu corri, ela me viu e ficou sem entender. Comecei com um soco, ela caiu, chutei sua face e ela ficou desacordada. Amarrei-a bem forte com a corda, amordacei-a e me certifiquei que não havia ninguém por perto.
 Estava fácil, mas precisava acordá-la, senão não haveria por que. Afinal o que me saciava era o olhar desesperado da vítima. Bati com força em seu rosto e ela despertou. Mostrei a faca, ela tentou gritar me causando uma euforia inexplicável. Comecei pelo pescoço, a faca corria, o sangue escorria e a sensação era surpreendente. Ela se debatia me encarando como se perguntasse a razão, o que ela teria feito para terminar daquele jeito. Não havia motivo, apenas minha vontade, minha necessidade de agonia alheia e só. Infelizmente ela rapidamente sucumbiu aos ferimentos, o que me deixou claro que precisava praticar para tirar o máximo de êxtase daquele ritual particular.
 Pelo fato de nunca terem desconfiado, achei que deveria seguir satisfazendo meu vício e vieram mais vítimas. Sempre demorando mais e mais, cada vez com mais dor, conseqüentemente aumentando meu deleite a cada nova empreitada.
 Ficou perigoso, as pessoas estavam com medo, fazendo perguntas. Tive que ir pra outra cidade, arrumei um emprego e não levantava suspeitas. Já tinha matado umas 10 pessoas de todos os tipos, mas sempre com uma faca. Aprendi cortes que as faziam sangrarem por muito tempo até morrerem para que eu pudesse me alimentar daquela incrível sensação de prazer.
 Eu não escondia os corpos, não temia que me descobrissem. Não me importava com nada além daqueles momentos de ser o algoz e ao mesmo tempo a única esperança daqueles pobres infelizes. Eu e minha faca, só isso me dava razão para existir. Só dessa maneira conseguia me sentir útil, privando o resto do mundo de pessoas sem alma, sem conteúdo. Eu só matava pessoas que eu julgava que não fariam falta a ninguém e isso me satisfazia mais ainda.
 Hoje em dia, me trancaram sozinho. Nessa cela que habito há vários anos, a vontade continua viva. Se um dia eu sair, vou voltar a alimentar-me do que realmente me importa: o desespero da agonia alheia. Não sou louco, jamais faria nada de mal a alguém que me importasse, porém, todos têm seus vícios e o meu é esse. Mato por mim, por mais ninguém, não é nada pessoal e isso é verdade. Minhas vítimas me realizam e acho que pelo menos na hora da morte puderam fazer alguém feliz, o homem de faca na mão, extasiado com seus últimos momentos e entorpecido com o cheiro do seu sangue. 

Um comentário:

Deusa do amor disse...

é assim que me sinto muitas vezes!